Então, eu cursei enfermagem na Estácio através de uma bolsa integral do PROUNI. Sem dúvidas a melhor coisa que eu fiz foi ter me dedicado até conseguir ser aprovada pelo ENEM, pois vocês não imaginam o gasto enorme que seria pagar 5 anos de faculdade. Por volta de Março de 2016 eu iniciei o primeiro período. Na Enfermagem são 10 períodos, com duração de 5 anos. Os primeiros períodos são basicamente compostos por disciplinas básicas, como anatomia, fisiologia, genética, biologia celular, bioquímica, embriologia, histologia, patologia, farmacologia, imunologia e parasitologia. Cursei todas essas disciplinas em dois anos, além de algumas matérias mais tranquilas que tinha no formato EAD (que eu não gostava nada). Os conteúdos específicos de Enfermagem eu comecei a estudar a partir do 3 período, que foi a disciplina de semiologia, que é como aprendemos os procedimentos de enfermagem. Essa disciplina foi dividida em 3 semestres, sendo que eu a finalizei no quinto semestre.
A partir do quarto período até o oitavo período, os conteúdos foram divididos por áreas: Saúde Coletiva, Adulto e Idoso, Saúde da Mulher, Saúde da Criança e do Adolescente, Saúde Mental, Centro Cirúrgico e por fim, Alta Complexidade (urgência/emergência). Todas essas disciplinas eram estudadas intercalando as aulas teóricas com as práticas, sendo estas executadas no laboratório da faculdade e nos locais de prática (postos de saúde, hospitais e CAPS). Em cada período tínhamos tanto prova teórica quanto prática. Nas provas práticas, a professora sorteava um procedimento e o aluno fazia a simulação em um manequim no laboratório.
Além disso, quando chegavam os estágios cada aluno era avaliado por uma série de pontos nas unidades de saúde, bem como o comportamento, o conhecimento e a execução adequada dos procedimentos, o desenvolvimento de atividades educativas, a forma de falar com o paciente... cada professor tinha um formulário de avaliação e cada item avaliado tinha uma pontuação específica. Além disso, sempre no final de cada estágio, tínhamos que fazer um artigo científico e apresentar na sala de aula. Geralmente como eram 6 alunas em um grupo, ficávamos em dupla ou em trio para apresentar esses trabalhos. Era uma correria daquelas, estudar a teoria, revisar as práticas, sobreviver aos estágios e ainda apresentar trabalho. Na semana de provas então, era mais agoniado ainda.
Mas tudo isso passou voando. Foi aí que finalmente chegou o último ano de curso, o ano do internato, que é o ano inteiro só de estágios finais + o TCC. No entanto, juntamente com ele veio a pandemia e tudo desandou. Eu já havia começado o primeiro estágio, que era saúde da mulher em um grande hospital de Fortaleza. Porém, na última semana veio a notícia de que teríamos que voltar para casa, pois os estágios estavam suspensos e aí começou o lockdown. Nesse período fiquei em casa fazendo o TCC, tudo online, não tivemos nenhuma orientação presencial, tudo foi planejado e elaborado distantes umas das outras (o trabalho era em trio), a professora marcava um dia e davas as orientações pelo Teams. Foi o momento mais desafiador de todo o curso. Foi o momento que mais tive medo, insegurança e pensei em desistir.
Não estava sendo nada fácil, mas aos poucos fui renovando as forças e tentando encaixar tudo no lugar. Eu olhei para a frente e imaginei: se eu desistir, só irei postergar tudo, pois não tem como se livrar de tudo isso, faz parte do processo de formação. Além disso, tudo passa e logo vai chegar o momento em que vencerei tudo isso, pois nada dura para sempre. Foi então que, por volta do final de julho/início de agosto, meus estágios voltaram e finalmente pude sair de casa. Fiz praticamente dois semestres em um só, mal terminei o nono e já fui para o último período, sem tempo para respirar. O TCC continuou sendo online e graças a Deus sobrevivi, o trabalho foi apresentado e aprovado com sucesso. Apesar de todo esse sufoco que a pandemia proporcionou, consegui terminar no início desse ano. Ao final de março foi minha colação de grau, de forma virtual, como nunca imaginei, mas o importante foi ter vencido essa batalha.
Resumindo, foram 5 anos muito intensos que não caberia nesse post. 5 anos de muita luta, muito esforço, dedicação, momentos que me desmotivaram, mas eu consegui ser mais forte. Nada é fácil nessa vida e as melhores coisas acontecem fora da nossa zona de conforto. Ter uma profissão não é apenas a garantia de ter uma vida melhor, mas também a garantia de que você poderá contribuir para a vida de alguém. E de todas as escolhas que já fiz na vida, sem dúvidas fazer enfermagem foi a melhor. E se eu pudesse voltar atrás? Faria novamente. Fazer o que você ama faz toda a diferença!
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